F - Presidente, quando o Fusca foi relançado no Brasil, vivíamos um momento histórico inédito, com a consolidação da democracia, a experiência de uma moeda forte e também a abertura do País ao mercado internacional, inclusive o automobilístico. Por quê trazer de volta à produção um carro que, apesar de causar enorme empatia, estava na ‘contra-mão’ dos sistemas de produção automatizados? Houve um ingrediente saudosista nessa decisão?
ITAF – Visitávamos o Salão do Automóvel em São Paulo, acompanhando o Sr. Presidente da República Dr. Itamar Franco e apreciando os lançamentos dos novos modelos para o mercado brasileiro. Analisando os preços ofertados o Presidente fez um comentário demonstrando certo inconformismo pelo fato de o veículo mais barato do nosso mercado ser equivalente a US$ 23 mil dólares. Destacava S. Exa. ser absolutamente impossível que não houvesse um significativo contingente consumidor para essa faixa não atendida entre US$ 10 a US$ 20 mil dólares. Em seu raciocínio havia uma pressão para o baixo consumidor se sacrificar para ter acesso ao mercado automobilístico mediante ausência da oferta de veículos ao seu alcance aquisitivo.
F – Expoentes da imprensa especializada taxaram o relançamento de retrocesso baseados apenas na idéia de que este era um carro ultrapassado. Anos mais tarde, alguns destes críticos viriam reconhecer que esta “série” teria não só um grande valor comercial, como também histórico. Como o senhor recebeu essas críticas nos anos 90 e como analisa a situação hoje?
ITAF - Tão logo foi divulgado, a mídia especializada – alimentada pelo governo anterior e responsável pela abertura de mercado para o carro importado com a desmoralização pública do carro fabricado no país – não economizou críticas tentando ridicularizar a feliz iniciativa, sob o argumento de retrocesso. Não conseguiam ou não desejavam enxergar o horizonte vislumbrado pelo Presidente Itamar Franco de salvar a indústria automobilística nacional, em grande declínio de produção, e ao mesmo tempo aumentar a oferta de ocupação para a queda do desemprego.
Por seu turno, as montadoras prontamente se interessaram a aderir ao programa e sucessivamente a Volkswagen com o Fusca e a Kombi, esses por serem refrigerados a ar poderiam ser de cilindrada acima de 1.000, a Fiat com o lançamento do UNO Mille e posteriormente a Fiorino 1.000 cc, a Ford com o Escort e finalmente a General Motors com a prorrogação da produção do Chevette Junior e a antecipação do lançamento do carro mundial Corsa 1.0.
ITAF – Hoje tomaria a mesma decisão, levando em consideração a situação existente naquela época.
F - No momento do relançamento, o senhor também foi criticado por não ter adquirido um exemplar do Fusca, que, segundo os autores do Almanaque do Fusca da Ediouro, não o fez por não ter ‘recursos’ disponíveis. Essa declaração realmente aconteceu ou foi apenas uma especulação de opiniões contrárias ao projeto?
ITAF - Não é verdade. Na época do lançamento adquiri um Fusca conversível,com recursos próprios, que tenho até hoje. Foram fabricados aproximadamente 20 conversíveis.
F - A última geração de Fuscas produzidas no País será para sempre a “Série Itamar”. Como o senhor se sente em relação a essa associação?
ITAF - Fico contente. Fico feliz por essa associação.
F - Para finalizar, o senhor possui ou já possuiu algum Fusca? Em caso positivo, poderia nos relatar alguma história com o carro? O senhor tem alguma imagem com o Fusca que poderíamos publicar?
ITAF - Quando Prefeito tinha um Fusca que foi roubado na porta da Prefeitura e mais tarde encontrado em um bairro sem qualquer dano.
Fonte: Fuscologia.com.br
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