Autor: Paul Schilperoord
Controversa, complexa e obscura, a história do Fusca está diretamente ligada à recessão que castigava a Alemanha na década de 1930 e à ascensão do nazismo. Apaixonado por automóveis, Hitler via na ideia de criar um carro popular – produzido por operários alemães em uma fábrica alemã – a oportunidade de concretizar seu projeto político. “Oficialmente”, o automóvel do povo foi projetado por Ferdinand Porsche, mas essa paternidade é contestada pelo pesquisador e jornalista holandês Paul Schilperoord, que afirma que o carro mais popular do mundo foi na verdade desenvolvido por um engenheiro judeu chamado Joseph Ganz. Em A verdadeira história do Fusca, Schilperoord apresenta pela primeira vez uma série de documentos e esboços que comprovariam que Hitler se apropriou da invenção de Ganz. “Essa é a história de um crime que nem mesmo Hitchcock conseguiria inventar”, disse Joseph Ganz em seu leito de morte. Está lançada a polêmica.
ISBN: 978-85-7881-055-9
Formato: 16 x 23cm
Páginas: 344
Preço de capa: 49,90
Em 11/12/2011, Alexander Gromow escreveu e comentou:
Conheço esta livro e conheço a onda sensacionalista que Paul Shilperoord está levantando há cinco anos e coloco aqui a minha opinião:
Um livro feito para explorar o sensacionalismo do trinômio – judeu perseguido pelos nazistas, Hitler e a história do Fusca. Veja o que disse quem tem por responsabilidade defender o nome de Ferdinand Porsche. Dieter Landenberger, Chefe do Arquivo Histórico da Porsche, emitiu um longo comentário sobre este assunto do qual ressalto uma frase:
"Esta presunção de que um projetista de automóveis judeu reprimido politicamente, Josef Ganz, teve um papel preponderante a nosso ver não tem chance de passar por uma análise científica e é repelida por nós."
Possuo a interessante íntegra do posicionamento do Sr. Landberger feito em resposta a um questionamento meu, que traduzi para o português, e que está à sua disposição. O livro de Shilperoord é considerado sensacionalista e não tem respaldo algum na Alemanha, pois ainda nem uma tradução para o alemão foi feita! Muito me surpreende que tenha sido feita uma tradução para o português do Brasil, quando existem livros muito mais importantes que carecem de uma tradução decente.
Esta tradução para o nosso português do Brasil está cheia de erros, como a própria Alaúde reconhece. O livro é, no mínimo, descuidado com a história do Fusca no Brasil, a começar pela orelha do livro que em sua segunda frase afirma:
"Carro mais popular da história da indústria automobilística, o Fusca chegou ao Brasil em 1959 e, embora sua produção tenha sido interrompida definitivamente no início dos anos 1990, ainda é um dos automóveis mais usados e vendidos no mercado nacional."
Quem conhece a história do Fusca no Brasil sabe que os primeiros Fuscas importados pela Brasmotor chegaram à Santos em 1950 e não 1959. Adiante é mais do que sabido que o Fusca Itamar, depois de sua "ressurreição" saiu definitivamente de linha em 1996 e não "no início dos anos 90". Estes são erros inaceitáveis para uma editora do gabarito da Alaúde e constituem uma afronta à História do Fusca no Brasil.
IMPORTANTE: No livro se usa a palavra Volkswagen de uma maneira que confunde os leitores, dado o seguinte fato: em alemão um substantivo e um nome próprio são iniciados por letras maiúsculas, mas no caso as conotações são diferentes. Quando se quer dizer o conceito “carro do povo ou para o povo” se usa Volkswagen e quando de refere ao carro (modelo) e à sua fábrica também se usa Volkswagen e não é feita nenhuma distinção – a diferenciação entre substantivo e nome próprio em alemão é feita pelo contexto da frase. Um caminho direto para a confusão. Se fosse em português a maioria das referencias a carro do povo feitas neste livro seriam escritas “volkswagen” iniciando por minúscula - um substantivo e muito poucas vezes apareceria “Volkswagen” com maiúscula – mais uma jogada aparentemente deliberada deste “compêndio” de Shilperoord.
Josef Ganz foi somente mais um dos muitos engenheiros que trabalharam no desenvolvimento de carros pequenos na Europa dos anos 30, ele seguiu as influências do "Zeitgeist" da época. O fato de Ganz também ter “copiado” idéias de seus contemporâneos é de conhecimento de quem conhece a história e está explicitado no próprio livro de Shilperoord – não lhe confere a “paternidade” sobre as coisas que copiou. Sem esquecer que, como era comum na época, ele também foi processado por quebra de patentes de terceiros, assim como aconteceu com o próprio Porsche. Calma, para entender o contexto é necessário conhecer mais da história e num comentário destes não há espaço para ir mais a fundo, mas fico à disposição, se for o caso.
A grande falácia é se falar de “invenção” do Fusca. Podemos falar de invenção de “automóvel inteiro” quando falamos, por exemplo, do triciclo que foi motorizado por Benz em 1886, de lá para cá ocorreram desenvolvimentos. Certamente estes desenvolvimentos receberam componentes novos que foram inventados, no caso do Fusca um exemplo disto é o sistema de suspensão com barras de torção que é uma das inúmeras patentes de Porsche. Sendo assim o Fusca foi desenvolvido por Posche e sua fantástica equipe a partir de conceitos existentes na época, que é o “Zeitgeist”, com alguns componentes específicos inventados por Porsche e sua equipe.
É possível afirmar com certeza que o autor, Paul Shilperoord, distorce fatos históricos e omite outros para tentar embasar sua argumentação, coisa que não resiste, realmente, a uma análise histórica mais fundamentada. Ocorre, porém, que há poucas pessoas que se dedicam ao estudo desta história e qualquer aventureiro de plantão que apareça com um arrazoado destes cheio de aleivosias, usando a motivação sionista da perseguição do III Reich a um engenheiro judeu, soe confundir a mente dos leitores e lamentavelmente acaba criando factóides históricos.
Se vocês tiverem interesse em conhecer a seqüência de fatos que iniciou em 1904 e levou ao desenvolvimento do KdF Wagen, depois VW Käfer, depois Fusca por aqui, então leiam meu artigo “Quem nasceu primeiro a galinha ou o ovo?” no Portal MAXICAR no endereço:
http://www.maxicar.com.br/old/gromow/colunista_gromow_0809.asp
Este livro talvez devesse, ou pudesse, ser uma biografia de Ganz (se bem que como tal certamente não iria vender muito). Na biografia a questão do carro popular seria um dos aspectos, visto que o livro fala das desavenças pessoais de Ganz com várias outras pessoas e entidades. Seu estilo agressivo acabou custando problemas ampliados quando do advento do III Reich. Traições também fazem parte do cardápio. Teve até inimigo que se tornou membro do governo nazista tornando a vida do Ganz um tormento – quem semeia ventos, colhe tempestades... O que vale no livro são algumas das fotos de época.
Cordiais saudações
Alexander Gromow
a.gromow@hotmail.com
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