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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Você conhece a placa preta?

Reportagem do Jornal Diário do Nordeste em 22.06.2011


Sonho de muitos, conquista de poucos. Exclusiva para veículos com mais de 30 anos de fabricação e que, acima de tudo, preservam suas características originais, a placa preta não só eleva o status do automóvel como também dá a ele considerável valor histórico. Alcançar o feito demanda comprometimento e muito cuidado, afinal, fazer com que um carro antigo seja composto por peças originais, dependendo do modelo, pode dar mais trabalho que satisfação. Além do investimento na aquisição do carro, o proprietário terá de cumprir uma série de etapas.

Exigências

O ponto de partida é filiar-se a um clube credenciado pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). É preciso se envolver com os encontros, conhecer melhor o veículo e prepare o bolso para a troca de peças.



O servidor público federal José Eduardo Carvalho de Oliveira, que está à frente do Volks Clube na capital cearense, explica que mais de R$ 2 mil são investidos ao longo do processo, fora o que precisará ser revisto na estética do automóvel. "A pessoa tem de se filiar e pagar uma taxa mensal. No caso do Volks Clube, gira em torno de R$ 25/mês. A taxa de inscrição é de aproximadamente R$ 25, e ainda tem R$ 100 para a vistoria e outros R$ 350 para a certificação. Resumindo: quase R$ 500", pontua. A cada dois anos, uma nova avaliação é realizada. Os itens avaliados abrangem mecânica, elétrica, carroceria, cor, adornos e acessórios.


Privilégios

Além do orgulho que arrebata no peito quando se tem um genuíno ´placa preta´, algumas concessões são feitas aos automóveis nas inspeções. Isso acontece porque itens não eram apontados como ´obrigatórios´ pelo Denatran quando no ano de fabricação do carango. Cintos de segurança, luz de ré, espelhos e piscas, por exemplo, são partes que não recebem olhares atentos dos fiscais. A lei que rege o Código de Trânsito Brasileiro quando se trata de carros antigos é datada de maio de 1998. Quem chega a este grupo, tem grafado no documento do veículo o termo "carro de coleção".

Mercado negro

Um dos problemas que envolve o certificado de originalidade dos carros antigos diz respeito à concessão irresponsável a maus colecionadores.

Sem apontar dedos ou citar casos, o presidente do Volks Clube disse que ainda existem algumas pessoas que agem de má-fé e concedem a placa preta apenas com fins comerciais. "Este item aumenta o preço do carro. Tem pessoas que pouco depois de conseguir o certificado, alegam dificuldades financeiras e vendem o carro. Isso prejudica a imagem do clube que o representa, porque nosso interesse não é o comércio, mas sim a manutenção da originalidade", esclarece o presidente.

Quem perde na história são os colecionadores, que após tanto esforço para credenciar seu clube junto ao órgão competente, podem perder a autorização em virtude da ação ilegal de alguns membros. "Se descobrimos alguém com essa prática, imediatamente a retiramos do clube", finaliza José Eduardo.



Brincadeira de gente grande

Clubes de carros antigos são o fino da bossa. Se o primeiro amor a gente nunca esquece, o primeiro carro também não. Por aqui existem algumas destas associações e, dentre elas, o Volks Clube do Ceará. A entidade surgiu em abril de 2010 na capital cearense com a intenção de congregar proprietários, amantes e aficcionados por Fusca. Iniciada com o esforço de 10 colecionadores, o clube conta atualmente com 32 sócios que se encontram uma vez por mês na capital cearense.

É presidida por José Eduardo Carvalho de Oliveira e conta com vice-presidente (Fred Guilhon), e diretores financeiro (Mansuêto Magalhães), administrativo (Jarbas Studart), social (Izabel Romcy) e técnico (Cláudio Frossard). Para o presidente, é importante que todos os envolvidos levem a brincadeira à sério. "Não basta você criar uma página na internet e dizer que seu clube está montado. Isso é apenas o começo. Quando o grupo de pessoas aumenta e ultrapassa 15 associados, é hora de sair do virtual e fazer existir no papel", argumenta José Eduardo.

Passo a passo

Não pense que é moleza fazer a ´coisinha virar coisona´. O passo a passo é simples, mas requer empenho e um pouco de paciência para nascer conforme a legislação vigente. "Quando se alcança um número de pessoas satisfatório, é preciso traçar o estatuto da entidade. Nele, além do regulamento que determinará as ações do clube, deverão constar também informações relacionadas ao nome, à marca e aos valores de contribuição mensal", esclarece. Não é preciso uma sede própria para que seu clube de automóveis surja. "Pode ser a residência de algum dos sócios. A informação deve constar no estatuto assinado pela comissão.

Dados como CPF, endereço de cada dos participantes e CNPJ são pré-requisitos para o registro oficial no cartório", reitera José Eduardo. A taxa a ser paga gira em torno de R$ 100.

"O CNPJ fica a cargo de um contador. Somente ele é quem está habilitado para cuidar da documentação e registrá-la junto à Receita Federal", reforça o presidente.

O trâmite leva em média 30 dias. A partir daí um novo pedido é feito, desta vez junto ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) para credenciar o clube. "Basta enviar uma cópia do estatuto autenticada, certidão e CNPJ. Dentro de 20 dias é publicada uma portaria que credencia sua associação e a permite realizar vistorias e conceder a placa preta", pontua o presidente.

Para este último passo, é aconselhável que o clube tenha, no mínimo, três pessoas que conheçam a fundo o automóvel para auxiliar o diretor técnico.

No Volks Clube do Ceará, o presidente sabe que paixão por carro é igual amor de mãe: nunca acaba. "Desde os meus 10 anos estou envolvido com este mundo da mecânica. Meu pai sempre gostou, meu avô foi mecânico de aviões. Está no sangue. Meu primeiro carro foi um Fusca e, aos poucos, acabei me tornando um autodidata expert no assunto", esclarece o apaixonado pelos Volks Sedan.



Hoje: Maio de 2012

O Volks Clube do Ceará 
conta atualmente com 72 sócios que se encontram uma vez por mês na capital cearense. 
É presidida hoje por Izabel Romcy e conta com vice-presidente (Ednúbio Vasconcelos), e diretores financeiro (Paulo Ferreira), administrativo (Daniel Cesar), social (Ricardo de Paula) e técnico ( 
Evandro Studart 
) e o apoio do Sócio Fundador (Fred Guilhon), leia-se PLANETA FUSCA. 
Seus encontros acontecem todo 4º Sábado do mês no Posto Bela Vista (Esso) na Av. Rogaciano Leite, 986.

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